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Rádio Graciosa


16 novembro 2012

Notável desta semana é Francisco Lobão


Francisco Manuel da Silva Gil Lobão nasceu em Santa Cruz da Graciosa, em 19 de Setembro de 1958. 
Último dos filhos de Manuel Gil Correia Lobão e de Francisca Silva Lobão, amantes da música, embora já não executantes habituais à data da sua infância e juventude, cresceu num ambiente em que a cultura musical fazia parte do quotidiano, deliciando-se entre os sons que o pai tirava do bandolim e bandola na sala grande, com vista para o mar, e as então já raras incursões da mãe no piano, que marcava presença numa outra sala, conhecida familiarmente por “quarto de costura”. Nela e junto ao piano estava uma estante carregada de pautas musicais que já o fascinavam na busca de decifrar os sons que aqueles sinais das notas musicais queriam reproduzir.
Em muitas tardes, entre brincadeiras e lazeres, acompanhou o pai na audição dos discos de música clássica, que ele coleccionava e ouvia com frequência.
Talvez este ambiente tenha levado a que, sempre mostrasse grande interesse pela música, em especial o canto, treinando inúmeras vezes a sua voz de criança em músicas do então famoso “Joselito”, muito em especial a interpretação da “Campanera”, uma canção muito em voga naquele período, divulgada largamente através do cinema.

Foi um menino dócil, travesso e irrequieto, a quem era permitida uma liberdade criativa, que exprimia através das cantigas e teatros que improvisava, animando com a sua alegria o tolerante ambiente familiar.
Enquanto permaneceu na Graciosa integrou o conjunto musical do Graciosa Futebol Clube, repartindo-se entre a bateria e o canto.
Estudou até ao 9º ano na escola básica e secundária da Graciosa tendo seguidamente ido frequentar o ensino secundário no liceu nacional de Ponta Delgada em S. Miguel.
Aí iniciou os seus estudos musicais no Conservatório Regional de Ponta Delgada, integrou grupos corais, nomeadamente o coro da Igreja de São José, partilhando o seu tempo com as tarefas de estudante do secundário e, depois, com tarefas avulsas de trabalhos variados e provisórios que lhe iam surgindo. Era também assíduo frequentador em ambientes nocturnos onde surgiam “caldos” de iniciativas musicais a que ele emprestava a voz, razão porque o seu nome é referente naquela geração.

A sua grande paixão era mesmo a música, afirmando querer fazer do canto lírico a sua profissão, o que no tempo, parecia um futuro extravagante e inseguro. A família, via com preocupação a inabalável convicção, apoiando-o, sem nunca lhe rejeitar a vocação.
Um dia zarpou para Lisboa em busca do coração da música, o Teatro Nacional de São Carlos, o seu grande sonho por ser o expoente nacional da música lírica. Na capital, as oportunidades foram aparecendo e o “Chico” Lobão, como por cá é conhecido, não deixou de as agarrar e alcançar. Apresentou-se a uma audiência onde eram seleccionadas vozes de valor e foi seleccionado para integrar o coro do teatro, a mais prestigiada instituição do canto lírico, onde se mantém como membro efectivo até à actualidade.
Para conseguir os seus objectivos, aperfeiçoou conhecimentos e os dotes de tenor. Foi convidado para trabalhar técnica vocal com o professor Cortez Medina e participou em festivais de verão, tendo sido cantor convidado no Festival Maré de Agosto que se realiza nos Açores. Foi finalista do Concurso de Canto Juventude Musical Portuguesa e participou no Concurso Internacional Luisa Todi. Frequentou as Masters Classes da Cantora Iliana Cotrubas e do Tenor Alfredo Krauss, assim como, os cursos ministrados pelo professor catedrático e pedagogo Helmut Lips.
Está sempre disponível para cantar, pelo que fora do teatro São Carlos, integra um agrupamento, “Bel Canto Latino” que anima musicalmente diversos eventos recreativos e sociais.

O Chico Lobão é, na Graciosa, conhecido de inúmeras pessoas pois revela uma grande capacidade de relacionamento, aliada a um temperamento aberto, afável e sereno. Busca a ilha durante o verão, pelo menos, de dois em dois anos procurando incutir na mulher e filhos a estima pela ilha que o viu nascer e que ele tanto ama.
Os graciosenses já tiveram oportunidade de apreciar os dotes vocais deste cantor em diversos eventos, de que destacamos, o festival de música do Monte d’Ajuda, onde foi acompanhado ao piano por Mário Laginha; na festa dos 25 anos do Museu da Graciosa; num Baile à Moda Antiga na Filarmónica Recreio dos Artistas onde trouxe um repertório de tangos e milongas; num espectáculo de homenagem a Joaquim Costa que ele considera uma das mais fantásticas vozes açorianas.
A persistência do Francisco Lobão na busca da vida que sempre desejou, conseguindo vencer os entraves que as distâncias e as mentalidades então no caminho colocavam, pode servir de exemplo aos jovens da nossa ilha que agora iniciam o seu percurso de vida.
Mais um notável que a Rádio Graciosa consagra a sua homenagem.



 

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